(o planar dos sonhos)
Afinal, ainda alcançamos o paraíso.
Vozes e risos de criança
Fazem eco nas lembranças
Que o tempo não apagou.
Os pássaros esvoaçam
Na leveza da brisa que por nós passou.
Os espelhos ainda refletem aquele voo livre
Que nos transformou.
Era o planar dos sonhos
Em horizontes de puro deslumbramento
Os ocasos, perfeitos e estonteantes
Coloriam a aura crepuscular de magia.
Professas promessas aconteciam
E tudo era verdade em ti
E tudo era esperança em mim.
Os olhares encandeavam na mesma direção
E a estrada seguia, tão linear como curvilínea
Na contemplação dos dias e da vida.
Hoje,
Os castelos que outrora construímos
Já se desmoronam.
O pio dos pássaros emudeceu
Já não nidificam nos nossos beirais.
Contudo, creio
Ainda há tempo
De num novo tempo
Voltarmos ao mesmo lugar
Para que o reencontro aconteça
E novamente, na mesma direção
De nós, um outro olhar.
Dulci Ferreira, a Autora do poema